Quando o ambiente aquático apresenta baixa concentração de
oxigênio dissolvido (ambiente hipóxico), é possível observar que muitas
espécies de peixes sobem até a superfície, com o intuito de ventilar as
brânquias com a fina camada de água oxigenada. Esta fina camada de água
oxigenada é obtida pela difusão do oxigênio atmosférico na água e este
comportamento apresentado pelos teleósteos é conhecido como “Aquatic Surface Respiration”
(ASR).
Este comportamento (ASR) é frequentemente observado em viveiros
de cultivo de peixes
(pisciculturas). Rantin et al (1998) registraram uma pressão crítica de
oxigênio para o pacu ao redor de 20 e 25% da saturação de oxigênio, sendo que a
respiração na superfície teve início com valores logo abaixo dessa concentração
crítica. Além disso, este teleósteo desenvolve uma projeção do lábio inferior
da mandíbula, com o intuito de captar mais eficientemente (como um funil) esta
fina camada de água oxigenada. Saint Paul (1984) relataram que o tambaqui começa
a mostrar os efeitos da hipóxia quando o oxigênio dissolvido atinge valores ao
redor de 2mg/L. Saint-Paul (1986) registrou que tanto o tambaqui como a
pirapitinga podem sobreviver por horas em águas com menos do que 0,5mg/L de
oxigênio dissolvido, utilizando uma estratégia de respiração de emergência
através do prolongamento (expansão) do lábio inferior (beiço). Acredita-se que
esta expansão labial auxilie no aumento da taxa de ventilação branquial
(aumento na passagem de água através das brânquias). No lábio expandido também
está presente uma intricada rede de capilares sanguíneos, que pode estar
envolvida na absorção direta do pouco oxigênio presente na água ou, até mesmo,
do oxigênio presente na atmosfera.