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quinta-feira, 17 de julho de 2014

INFECÇÃO SISTÊMICA POR IRIDOVÍRUS EM TILÁPIAS

       Os iridovírus são conhecidos por infectarem invertebrados (principalmente insetos) assim como alguns grupos de vertebrados, como peixes, anfíbios e répteis. Possuem tamanhos que variam de 120 a 300 ηm de diâmetro, apresentando formato icosaédrico. Possuem DNA de fita dupla (dsDNA), geralmente com tamanho variando de 100 a 210 Kpb. Apresentam genoma com terminais redundantes e circularmente permutados. Os vírions desta família são formados por um capsídeo (externo), uma membrana lipídica intermediária e uma estrutura central (core) formado por DNA com proteínas associadas.

                         
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          A iridovirose é uma doença infecciosa que ataca geralmente os peixes alojados nos berçários (5 – 60gr de peso médio), mas pode atacar também os peixes na fase de engorda. Se não houver o controle, a doença pode causar 90% de mortalidade dentro de 1 mês ou mais após o alojamento dos alevinos. Em algumas situações a doença pode ser crônica, não apresentando pico de mortalidade. Os principais sintomas observados da doença são; peixes no fundo e nas laterais das gaiolas com natação letárgica e pele escura. Apresentam as brânquias e órgão internos pálidos, principalmente o fígado. O iridovírus também causa a imunodepressão deixando os peixes susceptíveis à doenças secundárias.

         Pesquisadores do Canadá realizaram análises de juvenis de Tilápias importadas da Flórida. Os peixes apresentavam sinais como: natação letárgica e parados no fundo dos tanques; ascite (“barriga inchada”); diferentes graus de exoftalmia e palidez nas brânquias e nos órgãos internos e alguns apresentaram hemorragias no fígado. Foi realizado swabs dos olhos e do tecido dos rins dos peixes. Confirmaram a presença de três colônias bacterianas, no entanto, nenhuma delas era predominante. Isolaram e identificaram uma das colônias como sendo Aeromonas hydrophila. Através de análises por microscópio eletrônico, os pesquisadores conseguiram identificar partículas virais poliédricas nas células do fígado, rins e baço. A ausência de bactérias e lesões bacterianas nas sessões histológicas indica que qualquer bactéria encontrada nos peixes eram invasores secundários.

         Segundo Neil Wendover, diretor de marketing estratégico da aquicultura global da Cargill, não há tratamento para o iridovirus e a única opção para controle dos custos com a doença é a vacinação. Em 2012 a MSD obteve autorização para a comercialização da vacina contra o iridovirus em Singapura. No Brasil encontramos apenas a vacina para imunização contra Streptococcus agalactiae Biotipo II, doença considerada de maior impacto na Tilapicultura, pois os surtos de mortalidades ocorrem principalmente nos peixes adultos.

         Durante os últimos 20 anos, os vírus da família Iridoviridae têm sido responsáveis por epizootias de grande impacto ecológico e econômico, envolvendo um grande número de espécies de peixes, anfíbios e répteis de  importância na aquicultura de várias partes do mundo. No entanto, as informações sobre a ocorrência de infecções de peixes e anfíbios causadas por iridovírus no Brasil são limitadas. O diagnóstico do iridovírus é realizado através da PCR (reação em cadeia da polimerase) e histopatologias (células basófilas e lesões sistêmicas em órgãos).      

         A iridovirose é caracterizada como uma doença de grande impacto na aquicultura, não somente por causar mortalidades na fase inicial, mas também por deixar os peixes susceptíveis a outras doenças. Estudos de campo devem ser realizados no Brasil a fim de identificar e isolar os vírions predominantes na produção aquícola brasileira.


                                 La Hora del Sapo


                                             Microbiologybytes

                                PDBJ.org



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



McGrogan, Ostland, Byrne and Ferguson (1998), Systemic disease involving an iridovirus-like agent in cultured tilapia, Oreochromis niloticus L. – a case report. Journal of Fish Diseases, 21: 149–152. doi: 10.1046/j.1365-2761.1998.00082.x

Armstrong R. D. & Ferguson H. W. (1989) A systemic viral disease of chromide cichlids, Etroplus maculatus Bloch. Diseases of Aquatic Organisms 7, 155-157.

WORLDFISHING. AQUAVAC® IridoV receives Singapore market authorization. Disponível em: <http://www.worldfishing.net/news101/fish-farming/aquavac-iridov-receives-singapore-market-authorisation> Acesso em: 20 jun. 2014. 





terça-feira, 15 de julho de 2014

CURSO DE PISCICULTURA EM ITAJÁ/GO

Nos dias 10 a 12 de Julho de 2014 foi realizado o Curso de Piscicultura em Viveiros Escavados pelo FAEG/SENAR GO. O curso foi ministrado pelo instrutor Fabrício Romão Galdino (Eng.° de Aquicultura) que abrangeu os seguintes tópicos:
  1. Qualidade de Água;
  2. Construção de Viveiros;
  3. Preparo de Viveiros;
  4. Manejo;
  5. Biossegurança;
  6. Planejamento Econômico.














terça-feira, 8 de julho de 2014

CURSO DE PISCICULTURA EM NOVA ROMA-GO

Nos dias 30 de Junho à 5 de Julho de 2014 foram realizados dois cursos de Piscicultura em Viveiros Escavados pelo FAEG/SENAR. Cerca de 22 alunos participaram dos cursos. O SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) Goiás tem por objetivo organizar, administrar e executar em todo o território goiano, o ensino relativo à formação profissional rural e a promoção social dos trabalhadores rurais e produtores rurais. O curso foi ministrado pelo instrutor Fernando Malamud (Eng° de Aquicultura) e abordou os seguintes temas:
  1. Qualidade da Água
  2. Construção de Viveiros
  3. Preparo dos Viveiros
  4. Manejo 
  5. Biossegurança
  6. Planejamento Econômico 
















Texto escrito por: Bruno S. M. Mazini (Zootecnista)

sábado, 28 de junho de 2014

ESTRATÉGIAS DE RESPIRAÇÃO

Quando o ambiente aquático apresenta baixa concentração de oxigênio dissolvido (ambiente hipóxico), é possível observar que muitas espécies de peixes sobem até a superfície, com o intuito de ventilar as brânquias com a fina camada de água oxigenada. Esta fina camada de água oxigenada é obtida pela difusão do oxigênio atmosférico na água e este comportamento apresentado pelos teleósteos é conhecido como “Aquatic Surface Respiration” (ASR).
Este comportamento (ASR) é frequentemente observado em viveiros de cultivo de peixes (pisciculturas). Rantin et al (1998) registraram uma pressão crítica de oxigênio para o pacu ao redor de 20 e 25% da saturação de oxigênio, sendo que a respiração na superfície teve início com valores logo abaixo dessa concentração crítica. Além disso, este teleósteo desenvolve uma projeção do lábio inferior da mandíbula, com o intuito de captar mais eficientemente (como um funil) esta fina camada de água oxigenada. Saint Paul (1984) relataram que o tambaqui começa a mostrar os efeitos da hipóxia quando o oxigênio dissolvido atinge valores ao redor de 2mg/L. Saint-Paul (1986) registrou que tanto o tambaqui como a pirapitinga podem sobreviver por horas em águas com menos do que 0,5mg/L de oxigênio dissolvido, utilizando uma estratégia de respiração de emergência através do prolongamento (expansão) do lábio inferior (beiço). Acredita-se que esta expansão labial auxilie no aumento da taxa de ventilação branquial (aumento na passagem de água através das brânquias). No lábio expandido também está presente uma intricada rede de capilares sanguíneos, que pode estar envolvida na absorção direta do pouco oxigênio presente na água ou, até mesmo, do oxigênio presente na atmosfera.











sexta-feira, 4 de abril de 2014

A IMPORTÂNCIA DA BIOMETRIA



  Todo o processo de produção necessita de um acompanhamento que permita avaliar o crescimento e saúde dos peixes ao longo do cultivo. Para isso, é realizada a biometria. A biometria é um manejo no qual parte dos peixes cultivados é amostrada e informações de interesse, como peso e estado de saúde dos animais, são verificados. Além disso, tais medidas permitirão ajustes no manejo da produção, principalmente na alimentação.
   As biometrias devem ser realizadas, preferencialmente, a cada 15 dias ou uma vez por mês. Nesse período os peixes terão crescido o suficiente para ter a alimentação ajustada. Intervalos maiores que este podem resultar em deficiência no crescimento, por falta de adequação da quantidade de alimento para os animais.
  Os materiais necessários para o procedimento da biometria são; Papel, lápis, calculadora, balança, sal comum de gado, Eugenol, balde, puçá e bolsa, tarrafa ou rede de arrasto.





Cuidados no planejamento da biometria

  • Os animais devem estar em jejum por um período de 24 horas antes da biometria;
  • Deve-se realizar este procedimento no início da manhã, pois temperatura e incidência solar são mais amenas, diminuindo fatores de estresse para os peixes;
  • Evitar capturar peixes de lotes que apresentam problemas sanitários e/ou estejam em tratamento.
          A quantidade de peixes que deve ser amostrado varia de acordo com a quantidade de animais estocados no tanque. O ideal é pesar, no mínimo, 3% de cada lote.
       O grupo de peixe deve ser pesado com o uso de um balde com água. É importante conhecer antes o peso do balde com água para subtrair do peso total. É recomendável a adição de sal na quantidade de 8g/L, diluindo este na água com Eugenol na concentração de 0,1mL/L. O estado de saúde pode ser avaliado a partir de características externas do peixe, como alterações na coloração, presença de machucados e/ou parasitas. Os peixes nunca devem ser jogados no tanque após a pesagem, eles devem ser devolvidos com cuidado.





Considerações importantes

  • Podem ocorrer mortalidades até 48 horas após o manejo de biometria, se esta não tiver sido realizada adequadamente;
  • Durante a biometria, os peixes devem ser manejados com cuidado, pois qualquer machucado pode contribuir para o aparecimento de doenças e levar a morte dos animais;
  • O manejo deve ser rápido de forma a evitar que os peixes fiquem expostos ao ar por longo período.
 

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